"Entre palavras e combinações de palavras, circulamos, vivemos, morremos, e palavras somos"
Drummond de Andrade
"informou-me que possuía 'As reinações de Narizinho', de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o.[...]Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante."
"Felicidade Clandestina'' de Clarice Lispector
Em homenagem a esses nossos amigos
que preservam nossa cultura e identidade
Eu amo Clarice Lispector! E quantas, quantas vezes não me senti assim "Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante."?
ResponderExcluirBOM FINAL DE SEMANA, MEU AMIGO.
Um livro faz parte de mim e muitas vezez entrei em livrarias, umas vezes comprava, outras nao, mas o simples facto de abrir os livros, tentar sentir a alma dele, apenas atraves de um pouco de leitura, torna-lo a fechar e colocar na prateleira, deixando comigo o cheiro dele, me dava tamanha felicidade e regressava a casa como se tivesse feito o maoir dos passeios e enfeitava aquela hora em que nao queria sentir a solidao e dava rumo aos meus passos, quando muitas vezes saia, sem saber para onde ir. Gostei.
ResponderExcluirfernanda
Eu também compartilho do
ResponderExcluirmesmo surto apaixonado
(Sério)
É por isso que eu acredito que não tem
como o livro digital extinguir
os de papel.
O toque é fator essencial na leitura.
Sem contar que o livro trás
em sí a própria história dos que o leram antes.
Lendo um livro antigo e amarelado de Aghata Christie da biblioteca,
Encontrei no final de um capítulo
uma frase em grafite:
"Arfando com o suspense"
Adorei =]
Deixei um recado meu também
Graças a Deus o Bibliotecario
não percebeu.
Nao tem comparacao!
ResponderExcluirUm livro digital nao tem nada parecido com o ler num livro. E tenho de fazer um esforco muito maoir para me concentrar. nao tem cheiro, cor, passos, vozes.... poderia passar horas a falar de livros. melhor parar...
achei graca esse aparte. sao pequenos momentos com tamanha grandiosidade que nos marcam para sempre.