sábado, 20 de novembro de 2010

Um dia, toda criança no mundo saberá seu nome...

"A meio caminho da subida íngreme, porém, eles encontraram palavras gravadas no chão.

Paguem-me os frutos do seu árduo trabalho

O Cavaleiro Azarado apanhou sua única moeda e colocou-a na encosta relvada, mas ela rolou para longe e se perdeu. As três bruxas e o cavaleiro continuaram a subir, e, embora tivessem andado durante horas, não avançaram um único passo; o topo continuava distante e a inscrição permanecia no chão diante deles.

Todos se sentiram desanimados quando viram o Sol passar por suas cabeças e começar a declinar em direção ao longínquo horizonte,  mas uma das bruxas andou mais rápido e, empenhando mais esforço do que os demais, estimulava-os a seguir seu exemplo, embora tampouco avançasse na subida do morro encantado.

- Coragem amigos, não fraquejem! – gritava ela, enxugando o suor do rosto.
A medida que as gotas de suor caíam, cintilantes, na terra, a inscrição que bloqueava o caminho desaparecia, e eles descobriram que podiam prosseguir."

A Fonte da Sorte - 'Contos de Beedle, O Bardo' de J.K.Rowling 




Estava mais do que na hora de alguém dar o ponta pé inicial para o renascimento dos contos medievais com suas facetas originais. Obras onde as lições são aprendidas no desenrolar do enredo, e não apenas em frases filosoficamente estruturadas. Histórias que contam da magia antiga e de seres místicos, mas cujo foco principal é retratar as verdades da vida social, política e emocional das pessoas. O folclore britânico experimenta um novo desabrochar com as excursões literárias de Jo Rowling – que assumiu o nome de Joanne Kathleen Rowling, para se utilizar do abreviativo J.K.Rowling que garantiu, por pouco tempo, o ar de dúvida se o autor era do gênero masculino, o que supostamente atrairia os garotos. 

Seus temas podem ser enxergados por vários ângulos. Visões históricas e políticas onde a nobreza é uma instituição falida e os políticos tentam passar uma falsa idéia de segurança. O Ministério da Magia que com suas artimanhas e falcatruas demonstra a decadência das intistuições políticas; Os Malfoy e as outras famílias de ‘Puros sangues’ que se envolvem em corrupção e em práticas ilegais; Outra visão pode ser a da aceitação e superação da morte.

Jo garante que não pretendia forçar ‘nenhum sistema de crenças’, mesmo confessando que o livro de Harry Potter possui pesada referencia aos princípios e à história cristãos, onde se destaca o sacrifício de morte em nome do amor. ‘Quando alguém morre o amor não para de correr como quem fecha uma torneira’, e isso se mostra verdade quando vemos que a morte da mãe de Rowling teve influencia clara sobre toda a história da série. Sua mãe morreu mas a relação de amor entre as duas perdurou e deu como fruto uma saga comovente sobre superação da morte e o poder do amor. Mergulhar no seu mundo de magia foi um escape para a dor da morte. ‘Se foi um refúgio para estas crianças, dá para imaginar como foi para mim’ confessou a escritora, em entrevista exclusiva para Oprah Winfrey.  E só quando as pessoas se livrarem da viciosa tendência de ler baseado na superficialidade e não nas entrelinhas, é que essas palavras da escritora lhe serão compreensíveis: “Não estou dizendo que acho que magia existe, não estou. Mas esta é a idéia da magia, de que nós mesmos temos poder e podemos moldar nosso mundo.”

Jo trabalhou como secretária em Londres até a morte de sua mãe de esclerose múltipla o que a levou a uma primeira crise emocional. A segunda crise que desencadeou uma depressão clínica veio com o divórcio quando ela se mudou de Portugal para a Escócia com sua filha ainda bebê. Experimentou tanto a pobreza quanto as dores da alma. Daí nasceram os Dementadores, seres mórbidos e encapuzados que se alimentam de pensamentos bons, transmitindo para as pessoas a avassaladora sensação de que nunca mais sentirão alegria na vida. E todos acabam por aprender que para afastar os dementadores da vida não há nada melhor do que memórias felizes e – é claro – uma boa dose de chocolate.

Ela tinha vinte e cinco anos quando em uma viagem de metrô na estação de King Cross, uma das mais importantes da Grã-Bretanha, seu veiculo que ia de Manchester à Londres se atrasou por problemas técnicos e então a correnteza de idéias começou a fluir. A história de um menino que não sabia que era bruxo, sua cicatriz, a escola de bruxaria e suas casas e disciplinas inusitadas... Tudo nascia ali – a animação deve ter se confundido com a dolorosa autoflagelação por não está com uma caneta na ocasião. Bendito maquinista que não fez o checape prévio!  A ‘Pedra Filosofal’ foi escrita nas cafeterias de Edimburgo, na Escócia, terra do Uísque, da gaita de foles e dos saiotes. Daí para ser publicada foi um martírio. Houveram seguidas recusas das editoras, mas segundo o que dizia a voz na cabeça da Rowling na época, a dificuldade seria apenas na publicação, ‘se ele for publicado, terá muito sucesso’.  Isso foi pressentido no início do primeiro livro, nem que inconscientemente: ‘Um dia, toda criança no mundo saberá seu nome. ’

J.K. Rowling, mãe solteira com problemas financeiros e emocionais, aceitou o contrato com o desanimador aviso de seu agente de que ela ‘nunca terá dinheiro escrevendo para crianças’. E foi algo a mais do que o título de primeira pessoa a se tornar bilionária através da escrita que Jo conquistou. Ela se tornou vastamente reconhecida e prestigiada, uma das mulheres mais influentes na história. Lançou 400 milhões de livros em cerca de setenta dialetos para leitores em centenas de nações. O último livro de série foi o best-seller mais rapidamente vendido de toda a história. Tem quem lhe dá honras de que atualmente Rowling é a escritora que mais introduz as crianças no mundo das letras.

Escreveu sua última obra da série no hotel histórico Balmoral, também na escócia. A autora comparou o processo de finalização da série com a morte; ambos dolorosos e inevitáveis, ‘uma grande perda’. Indiscutivelmente esclarecedor! E como qualquer conto grimniano que se pressa, o final não poderia ser outro além do ‘Tudo estava bem’...

“Se eu achasse que poderia ajudá-lo – disse Dumbledore a Harry, brandamente – mergulhar você em um sono encantado e permitir que adiasse o momento em que terá de pensar no que aconteceu, eu faria isso. Mas sei que não posso. Amortecer a dor por algum tempo apenas a tornará pior quando você finalmente a sentir”

Harry Potter e o Cálice de Fogo – J.K.Rowling

Um comentário:

  1. oi WELTON

    E Q POST

    MINHA FILHA com 23 anos
    ainda Lê e tem
    os livros do Harry Potter.

    BUENO!!!

    bjs de BOA NOITE!!!

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